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Português 8º ano

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Língua Portuguesa_8 ano_Aula IV_Crônicas

Aula IV: Crônicas 1

O que é crônica?

A crônica é um gênero textual curto escrito em prosa, geralmente produzido para meios de comunicação, por exemplo, jornais, revistas, etc.

Além de ser um texto curto, possui uma “vida curta”, ou seja, as crônicas tratam de acontecimentos corriqueiros do cotidiano.

Do latim, a palavra “crônica” (chronica) refere-se a um registro de eventos marcados pelo tempo (cronológico); e do grego (khronos) significa “tempo”.

Portanto, elas estão extremamente conectadas ao contexto em que são produzidas, por isso, com o passar do tempo ela perde sua “validade”, ou seja, fica fora do contexto.

As características das crônicas

  • narrativa curta;
  • uso de uma linguagem simples e coloquial;
  • presença de poucos personagens, se houver;
  • espaço reduzido;
  • temas relacionados a acontecimentos cotidianos.

Tipos de crônicas

Embora seja um texto que faz parte do gênero narrativo (com enredo, foco narrativo, personagens, tempo e espaço), há diversos tipos de crônicas que exploram outros gêneros textuais.

Podemos destacar a crônica descritiva e a crônica dissertativa. Além delas, temos:

  • Crônica Jornalística: a mais comum das crônicas da atualidade são as crônicas chamadas de “crônicas jornalísticas” produzidas para os meios de comunicação, onde utilizam temas da atualidade para fazerem reflexões. Aproxima-se da crônica dissertativa.
  • Crônica Histórica: marcada por relatar fatos ou acontecimentos históricos, com personagens, tempo e espaço definidos. Aproxima-se da crônica narrativa.
  • Crônica Humorística: Esse tipo de crônica apela para o humor como forma de entreter o público, ao mesmo tempo que utiliza da ironia e do humor como ferramenta essencial para criticar alguns aspectos seja da sociedade, política, cultura, economia, etc.

Importante destacar que muitas crônicas podem ser formadas por dois ou mais tipos, por exemplo: uma crônica jornalística e humorística.

A Crônica no Brasil

A crônica foi inicialmente desenvolvida com caráter histórico (as crônicas históricas). Elas relatavam desde o século XV fatos históricos (reais ou fictícios) ou acontecimentos cotidianos (sucessão cronológica), algumas com toque de humor.

Mais tarde, esse gênero textual despretensioso foi se aproximando do público e conquistando os leitores mundo afora. Hoje, esse fato é confirmado pela enorme difusão das crônicas, sobretudo nos meios de comunicação.

No Brasil, a crônica tornou-se um estilo textual bem difundido desde a publicação dos “Folhetins” em meados do século XIX. Alguns escritores brasileiros que se destacaram como cronistas foram:

  1. Machado de Assis
  2. Carlos Drummond de Andrade
  3. Rubem Braga
  4. Luís Fernando Veríssimo
  5. Fernando Sabino
  6. Carlos Heitor Cony
  7. Caio Fernando Abreu

Exemplo de crônica

A sensível (Clarice Lispector)

Foi então que ela atravessou uma crise que nada parecia ter a ver com sua vida: uma crise de profunda piedade. A cabeça tão limitada, tão bem penteada, mal podia suportar perdoar tanto. Não podia olhar o rosto de um tenor enquanto este cantava alegre – virava para o lado o rosto magoado, insuportável, por piedade, não suportando a glória do cantor. Na rua de repente comprimia o peito com as mãos enluvadas – assaltada de perdão. Sofria sem recompensa, sem mesmo a simpatia por si própria.

Essa mesma senhora, que sofreu de sensibilidade como de doença, escolheu um domingo em que o marido viajava para procurar a bordadeira. Era mais um passeio que uma necessidade. Isso ela sempre soubera: passear. Como se ainda fosse a menina que passeia na calçada. Sobretudo passeava muito quando “sentia” que o marido a enganava.

Assim foi procurar a bordadeira, no domingo de manhã. Desceu uma rua cheia de lama, de galinhas e de crianças nuas – aonde fora se meter! A bordadeira, na casa cheia de filhos com cara de fome, o marido tuberculoso – a bordadeira recusou-se a bordar a toalha porque não gostava de fazer ponto de cruz! Saiu afrontada e perplexa. “Sentia-se” tão suja pelo calor da manhã, e um de seus prazeres era pensar que sempre, desde pequena, fora muito limpa. Em casa almoçou sozinha, deitou-se no quarto meio escurecido, cheia de sentimentos maduros e sem amargura. Oh pelo menos uma vez não “sentia” nada. Senão talvez a perplexidade diante da liberdade da bordadeira pobre. Senão talvez um sentimento de espera. A liberdade.

Até que, dias depois, a sensibilidade se curou assim como uma ferida seca. Aliás, um mês depois, teve seu primeiro amante, o primeiro de uma alegre série.

Aula IV: Crônicas 2

Boas leituras, bons estudos e até a próxima aula, pessoal!!

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