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História 7º ano

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  1. Idade Média
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  2. Idade Moderna
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  3. Colonização da América
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  4. Brasil Colônia
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  5. O mundo em transformação (séculos XVII e XVIII)
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Módulo 1, Aula 3

Civilização Islâmica

Progresso do Módulo
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Algarismos. Álgebra. Álcool. Palavras de origem árabe que nos remetem a duas áreas do conhecimento em que os árabes foram notáveis: a matemática e a química. Outras palavras de nosso vocabulário também são de origem árabe: açúcar, açougue, algodão, alfaiate, azeite, algema, esfirra, quibe. Qual a influência árabe em nossa cultura?

Arábia antes e depois de Maomé:

A península Arábica, onde a civilização árabe-islâmica surgiu e de onde se irradiou, é uma região extremamente seca e quente, com cerca de 80% do seu território sendo constituídos por desertos. Nessa região, viviam diversos povos, organizados em tribos ou clãs e que se dividiam em dois grandes grupos conforme suas características culturais mais marcantes:

– Os árabes do litoral eram mais sedentários, morando em cidades próximas da costa, a exemplo de Meca. Dedicavam-se principalmente ao comércio, realizando caravanas de camelos do Oriente para as regiões junto ao mar Mediterrâneo.

– Os árabes do deserto, por outro lado, eram seminômades, vivendo em torno do oásis da península. Dedicavam-se principalmente à criação de animais, como ovelhas, cabras e camelos, praticando também saques e pilhagens.

Civilização Islâmica 1
Península Arábica Pré-islâmica. Retirado de: slideshare.net

Não havia unidade política na Arábia nesse momento. Os árabes ligavam-se por laços de parentesco e por elementos culturais comuns. Falavam o mesmo idioma, ainda que com versões regionais, e possuíam uma mesma crença religiosa politeísta. Na cidade de Meca, havia um templo conhecido como Caaba, ou casa de Deus, onde estavam reunidas estátuas das principais divindades adoradas pelos árabes. Era lá também que se encontrava a Pedra Negra, venerada pelos árabes como tendo sido milagrosamente trazida do céu por um anjo. Por conta da importância religiosa da Caaba, Meca acabou se tornando um importante centro comercial árabe.

No século VII, os povos uniram-se em torno da religião monoteísta fundada por Maomé, o islamismo, cujos seguidores são chamados de muçulmanos. Maomé dizia, quando iniciou suas pregações, que as estátuas das divindades presentes na Caaba deviam ser destruídos, pois só havia um deus, Alá, único criador de todo o universo. Os sacerdotes de Meca reagiram, e Maomé, em 622, teve que se retirar da cidade, refugiando-se em Yathrib, posteriormente renomeada Medina, que significa cidade do profeta. Essa saída de Maomé de Meca ficou conhecida como Hégira, e marca o início do calendário muçulmano.

Civilização Islâmica 2
Caaba nos dias atuais. Retirado de: pt.wikipedia.org

Maomé e seus seguidores difundiram o islamismo em Medina e conseguiram organizar um exército de fiéis. Em 630, eles conquistaram Meca e destruíram as estátuas das divindades. Esse foi só o início da expansão islâmica, com os diversos povos da região reunindo-se em torno da nova religião. A partir dessa identidade religiosa, criou-se uma organização política e social entre os árabes.

Islamismo:

A religião islâmica prega a submissão plena do ser humano aos preceitos de Alá, o deus único, criador do universo. Essa submissão é chamado de islão, é aquele que tem fé em Alá, muçulmano[1]. O islamismo é, atualmente, uma das mais influentes religiões da humanidade. Entre os princípios básicos do islamismo, destacam-se:

– crer em Alá, o único deus, e em Maomé, o seu grande profeta;

– fazer cinco orações diárias;

– ser generoso para com os pobres e dar esmolas;

– cumprir o jejum religioso durante o Ramadhan (mês sagrado);

– ir em peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida.

Os princípios básicos do islamismo encontram-se reunidos no Corão (ou Alcorão, que significava A leituraal = a; corão = leitura), livro sagrado dos muçulmanos.

No Corão, Deus (Alá) é apresentado como o único criador do universo e essencialmente bom e justo. Os seres humanos devem obedecer inteiramente a Deus, mas podem ignorar seus mandamentos e trilhar o caminho do mal, induzidos por Iblis, o equivalente a Satã no islamismo. No dia do Juízo Final, todos os mortos ressuscitarão e serão julgados por seus atos; assim, serão enviados para o inferno ou o paraíso, onde permanecerão eternamente.

Além de normas religiosas, o Corão inclui preceitos jurídicos, morais, econômicos e políticos que orientam o cotidiano da vida social. Proíbe, por exemplo, que os fiéis comam carne de porco, consumam bebidas alcóolicas ou pratiquem jogos de azar. O roubo é severamente punido. A poligamia masculina é permitida.

Sunitas e xiitas:

Após a morte de Maomé, a religião islâmica sofreu várias interpretações, entre as quais se destacaram a dos sunitas e a dos xiitas. Os sunitas defendem que o chefe do Estado muçulmano, o califa, deve ter sólidas virtudes morais, como honra, respeito pelas leis e capacidade do trabalho. Já para os xiitas, a chefia do Estado muçulmano só pode ser ocupada por um legítimo descendente de Maomé ou com ele aparentado. Afirmam que o chefe da comunidade islâmica é pessoa diretamente inspirada por Alá e que os fiéis lhe devem obediência absoluta. Atualmente, a maioria dos seguidores do xiismo encontra-se no Irã, Iraque e Iêmen. Nas demais regiões do mundo islâmico, predominam os seguidores do sunismo (aproximadamente de 84% dos atuais muçulmanos).

A expansão Islâmica:

Maomé e seus seguidores criaram um Estado muçulmano, teocrático, que se expandiu por meio de conquistas militares. Após a morte de Maomé, em 632, o Estado muçulmano passou a ser governado por califas, que concentravam os poderes religioso, político e militar. Sob a liderança dos califas, ocorreu uma grande expansão muçulmana. São várias as motivações dessa expansão: a busca de terras férteis, o interesse na ampliação das atividades comerciais e também o argumento das guerras santas (djihad) contra os infiéis, ou seja, a luta contra aqueles que não seguiam a religião islâmica.

A expansão muçulmana se divide em três etapas:

– Primeira Etapa (632-661) – conquistas da Pérsia, da Síria, da Palestina e do Egito, realizadas pelos califas eleitos que sucederam Maomé.

– Segunda Etapa (661-750) – período da dinastia dos califas Omíadas. Conquistas do noroeste da China, do norte da África e de quase toda a península Ibérica. O avanço árabe ao Reino Franco foi barrado por Carlos Martel, na Batalha de Poitiers, em 732.

– Terceira etapa (750-1258) – período da dinastia dos califas Abássidas marcado pela ascensão dos persas rumo ao mundo islâmico. As conquistas muçulmanas ainda avançaram pela Europa, na parte sul da península itálica.

A expansão islâmica levou à difusão do idioma árabe, que se tornou a língua oficial do mundo islâmico. Além disso, os muçulmanos desenvolveram inúmeras atividades econômicas nas regiões ocupadas e difundiram suas técnicas e conhecimento.

Civilização Islâmica 3
Expansão islâmica até o ano 750. Retirado de: viajandonahistoria.blogspot.com

Diversificação econômica

Houve uma diversificação na produção agrícola nas regiões conquistadas pelos muçulmanos. Construíram grandes obras de irrigação, que tornaram produtivas terras antes estéreis e empobrecidas. Cultivaram lavouras adaptadas ao clima de cada região e destinadas à produção de trigo, algodão, arroz, linho, açúcar, espinafre, café, azeitona, laranja e outros produtos.

Expandiu-se também a atividade comercial, dominando as grandes rotas que ligavam desde as regiões da atual índia até a península Ibérica, detendo o controle do comércio entre o Oriente e Ocidente. Criaram-se assim diversos instrumentos jurídicos para a realização dos negócios: cheques, letras de câmbio, recibos e sociedades comerciais.

Essa expansão foi acompanhada de significativo desenvolvimento da produção artesanal, responsável por grande parte dos artigos comercializados. Em Bagdá, por exemplo, produziam-se joias, vidros, cerâmicas e sedas; em Damasco destacou-se a produção metalúrgica de armas e ferramentas, além de seu famoso tecido de seda e linho; em Toledo, produziam-se ótimas espadas, cobiçadas pelos cavaleiros medievais.

Difusão dos conhecimentos

Os árabes sintetizaram e reelaboraram produções culturais de diversos povos, criando, ao mesmo tempo, uma cultura rica e singular. Em muitas situações, eles difundiram aspectos econômicos e culturais do Oriente e do Ocidente. Foi por exemplo, por intermédio dos árabes que chegaram à Europa inventos dos povos orientais, como bússola, a pólvora e o papel. Na matemática, introduziram os algarismos hindus, que ficaram conhecidos como arábicos, e o numeral zero. Além disso, desenvolveram a álgebra e a trigonometria. Na medicina, descobriram novas técnicas cirúrgicas e revelaram as causas de doenças contagiosas, como varíola e o sarampo. Na química, descobriram substâncias, como o ácido sulfúrico, o salitre e o álcool, além de desenvolverem o processo de utilização de diversos elementos químicos.

Poder político

A partir do século VIII, o poder central nos vários territórios conquistados pelos muçulmanos passou a enfrentar crises internas, provocadas, em sua maior parte, pelas rivalidades entre os califas. Essas disputas levaram ao desmembramento do império, formando-se Estados muçulmanos independentes, como o de Córdoba (Espanha) e o do Cairo (Egito). Além da crise interna, os árabes enfrentados também a reação dos povos conquistados. Na península Ibérica, por exemplo, portugueses e espanhóis uniram-se para expulsá-los de seus territórios. Já no Oriente, os turco-otomanos conquistaram grande parte dos territórios até então dominados pelos árabes.

Embora o império tenha se fragmentado, em grande parte dos novos Estados que se formaram manteve-se o predomínio do islamismo. Hoje, países de diferentes regiões do mundo, como o norte da África, parte da Ásia e o sudoeste da Europa, são islâmicos. A cultura muçulmana, em diversos aspectos, é vivenciada em cerca de 75 países do mundo atual, e a religião islâmica é seguida por mais de 1 bilhão de pessoas.


[1] Do árabe muslim, que significa entrega ao islamismo, resignação.

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