Em 1917 a Europa vivenciou um evento que causou grande repercussão no mundo inteiro, este evento ficou conhecido como a Revolução Russa.

OS PRENÚNCIOS DA REVOLUÇÃO DE 1917

A Rússia era governada por uma monarquia absolutista, também conhecida como czarismo, nesse cenário o despotismo dos czares, também conhecido como Imperadores vinha desagradando a maioria da população russa. Uma vez, que todos os poderes estavam concentrados nas mãos do czar.

Em meio a esse cenário observamos que a economia da Rússia era predominantemente agrária, e esta condição aumentava a miséria entre os camponeses e os trabalhadores urbanos.

No ano de 1894 o império russo era governado pelo czar Nicolau II, mantendo as tradições seguidas desde o século XVI a Rússia era uma monarquia absolutista, sendo que a nobreza possuía as terras cultiváveis no país, logo, observamos que a população estava ligada ao cultivo da terra.

Devemos ressaltar que as condições de vida dos camponeses eram péssimas, as moradias eram precárias, e a alimentação tinha como base o pão, a batata e a torta de farinha de milho, além disso, a maior parte da população russa era analfabeta.

Diante de todas essas dificuldades em relação ao plantio, notamos que os instrumentos agrícolas eram antigos, em muitos casos usavam-se o arado de madeira e a foice. Somente alguns proprietários estrangeiros possuíam instrumentos modernos que eram usados para o aumento da produção.

A vida urbana não era diferente do campo, grande parte da população vivia em péssimas habitações na cidade. Como a economia era predominantemente agrária a Rússia possuía poucas indústrias e a maior parte delas pertencia a proprietários estrangeiros que vinham da França, da Inglaterra, e da Alemanha.

Diante de toda essa precariedade um clima explosivo provocou vários problemas internos na Rússia, entre os anos de 1904 e 1905, que se agravou após a Guerra Russo-Japonesa.

Ambos os países disputavam territórios na China, mas com a derrota diante dos japoneses a Rússia mergulhou em uma grave crise econômica, logo, todo esse cenário pós-guerra contribuiu para o aumento do descontentamento da população russa para com o czar Nicolau II.

Nesse período iniciou os movimentos reivindicatórios seguido por greves que foram duramente reprimidas pela polícia czarista.

O Domingo Sangrento foi um movimento organizado pelos trabalhadores de São Petersburgo e contava com a participação de aproximadamente 200 mil pessoas.

O objetivo da manifestação era entregar ao czar um documento reivindicando melhores condições de vida para os trabalhadores e melhores salários. Contudo, os manifestantes foram recebidos a tiros de fuzil pelas tropas do governo.

Devemos destacar que o Domingo Sangrento contribuiu para as mudanças na atmosfera do país, pois foi o primeiro choque entre o povo russo e a monarquia.

O czar Nicolau II tentou diminuir as tensões sociais através da Duma que era uma espécie de parlamento, contudo, os deputados não puderam fazer muito devido as constantes pressões do czar.

Com o surgimento de várias revoltas no país no início do século XX, a participação dos trabalhadores para a aniquilação do czar colaborou para a construção de um novo sistema político conhecido como socialismo.

A REVOLUÇÃO RUSSA: ANARQUISMO E SOCIALISMO UTÓPICO E CIENTÍFICO  

As ideias que serviram de inspiração para os líderes da Revolução foram produzidas por Marx e Engels, em 1848, O capital.

É uma pequena obra conhecida como O manifesto comunista. Nessa obra, Marx afirma que a sociedade capitalista estava dividida em duas classes sociais a burguesia formada pelos proprietários das terras, das fábricas e dos bancos, e o proletariado formado pelos trabalhadores, especialmente, das indústrias.

Eles acreditavam que através da revolução o poder político passaria para as mãos dos trabalhadores, assim, eliminando as desigualdades sociais existentes.

As ideias socialistas defendidas por Karl Marx e Friedrich Engels tornaram-se a base da Revolução Russa. Em 1905 os trabalhadores russos conhecidos como sovietes foram encarregados de coordenar o movimento operário nas fábricas, assim, passando a ter um papel decisivo na Revolução de 1917.

O INÍCIO DA REVOLUÇÃO E A TOMADA DO PODER

Em 1914, a Rússia entrou na Primeira Guerra Mundial contra a Áustria-Hungria e Alemanha. O czar Nicolau II acreditava que poderia expandir o império russo e diminuir a insatisfação popular através da guerra.

Porém, a participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial aumentou o descontentamento do povo Russo e acelerou o processo revolucionário. Com a guerra a situação econômica e social do país se agravou a tal ponto que os soldados estavam mal alimentados e mal armados.

Essa situação levou à Rússia às sucessivas derrotas no campo de batalha e a perda de quatro milhões de pessoas em aproximadamente dois anos de guerra.

Diante desse cenário devastador Nicolau II decidiu ir para o campo de batalha e assumir o comando do exército Russo deixando o governo sob a liderança de sua esposa a Imperatriz Alexandra.

No ano de 1917, a falta de alimento provocou uma série de greves, uma multidão percorria as ruas da capital pedindo pão e o fim da guerra. Diante desse cenário o exército e a polícia aliaram-se aos manifestantes levando Nicolau II a abdicar do trono Russo.

O novo governo provisório foi instaurado, esse governo era dominado pela burguesia russa e chefiado pelo príncipe George Lvov, que decidiu permanecer na guerra e avançar contra Áustria-Hungria.

A ofensiva contra Áustria-Hungria fracassou, logo, agravando a situação e contribuindo para uma grande manifestação em 1917. O governo provisório não tinha controle de seus exércitos e não tinha força para impedir as deserções em massa dos soldados.

Foi em meio a esse cenário caótico que surgiu os grupos de revolucionários que tinham por objetivo tomar o poder através dos sovietes de trabalhadores.

Naquele momento três grupos de diferentes propostas políticas lutavam pelo poder eram eles:

O Partido Democrático Constitucional composto pela burguesia e pela nobreza liberal e favorável a continuação da Guerra e a qualquer modificação econômica e social.

Os Bolcheviques, liderado por Vladimir Lenin e Leon Trotsky era composto pelo Partido Operário Socialdemocrata Russo, que defendia a saída da Rússia da Guerra, o confisco de grandes propriedades e o controle das indústrias pelos operários.

Os bolcheviques possuíam um grande controle sobre os sovietes e sua força crescia continuamente.

Os Mencheviques, era minoria russa era composta pelo partido Operário socialdemocrata Rússia que embora fosse contrário à Guerra não admitia a derrota da Rússia era um grupo dividido e indeciso em relação aos rumo ao futuro do país e por conta dessa indecisão foram perdendo importância política.

Assim, ao fazermos um paralelo às críticas do teórico anarquista Errico Malatesta acerca da problematização da “ditadura do proletariado” compreendemos que as duas vertentes estatistas do socialismo defendidos por ele são caracterizados:

• Pela vertente reformista, constituída no final do século XIX início do século XX na socialdemocracia;
• Pela vertente revolucionária que foi associada com a manifestação do bolchevismo após a revolução.

Um outro episódio que pode ser usado como exemplo do anarquismo foi a Guerra Civil Espanhola, pois foi o evento histórico protagonizado pelos anarquistas que chegaram a controlar com suas organizações grande parte do país.

Os acontecimentos após a tomada do poder pelos revolucionários na Rússia geraram uma guerra civil de três anos, em meio a esse cenário caótico a participação de Leon Trotsky foi fundamental.

Leon Trotsky era um dos líderes mais importantes da Revolução Russa, ele era um homem culto, de caráter persuasivo que conseguia se comunicar tanto com os operários e camponeses quanto com os intelectuais e diplomatas.

Essa capacidade de comunicação foi essencial. Pois, quando irrompeu a guerra civil a organização do Exército Vermelho ficou sob sua responsabilidade.

Trotsky se deparou com condições extremamente precárias. Diante de um país esgotado e recém-saído da Primeira Guerra Mundial mesmo com todas essas dificuldades Trotsky conseguiu formar um exército eficiente forte.

Principalmente, com o apoio popular que fez com que as tropas revolucionárias enfrentassem o exército branco, que eram as tropas dos antigos oficiais do Czar.

Além disso, Trotsky também enfrentou as tropas dos países europeus, dos Estados Unidos e do Japão que temiam que a revolução socialista se espalhasse por todo o continente. Após três anos de guerra o Exército Branco e as forças estrangeiras que haviam invadido a Rússia partiram do país.

A CONSOLIDAÇÃO DA REVOLUÇÃO RUSSA E SUA ATUAÇÃO NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

Liderados por Lenin, os bolcheviques instauraram um plano que ficou conhecido como A Nova Política Econômica (NEP), que tinha como objetivo recuperar a economia russa.

O NEP adotou medidas de investimento para os principais setores da economia dentre essas medidas destacaram-se:

• A extração de matéria-prima, além, da produção de energia;
• A importação de máquinas estrangeiras e de técnicos;
• A organização da agricultura e do comércio através das cooperativas;
• O retorno das iniciativas privadas nos setores da economia, da indústria, da agricultura e do comércio. No entanto, todos esses investimentos estariam sob o controle do Estado.

Devemos ressaltar que os países que haviam se separado da Rússia durante a revolução voltaram a se integrar e constituíram em 1922 a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Lênin faleceu em 1924, Stalin e Trotsky passaram a disputar o poder. Stalin era o secretário-geral do partido comunista e defendia a ideia de que a união soviética deveria construir o socialismo em seu país para somente então levar a outros países.

Em contrapartida Trotsky acreditava que a revolução socialista deveria se expandir pelo mundo, pois segundo ele enquanto houvesse países capitalistas o socialismo não teria condições de sobreviver isolado.

Nessa disputa Stalin venceu e Trotsky foi expulso da URSS foi nesse período que a união soviética criou os planos quinquenais, em 1928, tais planos transformaram a união soviética em uma potência industrial que novamente mergulhou no terror e na violência empregadas pelo governo para impor sua política.